Há um tempo atrás, eu li em um artigo do Paulo Roberto Pires para "no mínimo", o artigo "Olha a Marisinha do Ukelele aí!" . Nele, o autor fala - digamos assim - coisas não muito boas a repeito de um dos novos discos da Marisa Monte, o Universo Ao Meu Redor.
Aqui faço um parêntesis: para quem não sabe, Marisa Monte, não se contetando com apenas mais um release, lançou dois discos novos: um só com, como foi difundido pela mídia, samba e outro com composições e sonoridade mais pop. Nas palavras a muié:
"Se eu tivesse gravado agora apenas um disco e fosse para a estrada, ia demorar um tempão até que eu tivesse a chance de gravar de novo e sei que haveria um hiato entre o que faço e o que mostro.
Por isso concebi esses dois discos de repertório inédito.
Gerados ao mesmo tempo, como gêmeos bivitelinos, vêm ao mundo agora no mesmo dia.
Mas são muito diferentes.
Cada um com a sua história.
Cada um falando por si".
[retirado do sáite da EMI, http://www.emi.com.br/base_para_noticias.asp?c=1276]
O que o Paulo Roberto Pires falou é confirmado pela afirmação acima da própria Marisa Monte. Em síntese, ele diz que ela faz muita pose em todas as faixas do disco. Sob o pretexto de um samba, começa a fazer muita "sonzinhos bonitinhos" (termo meu), mas que fogem de sua proposta inicial. Afirma também que essa pose pode ser confirmada desde o "Memórias, Crônicas e Declarações de Amor", o seu hoje penúltimo disco.
Isso me preocupava, porque eu tive essa sensação com o "Memórias...". Achei um tanto quanto mainstream. Mas, superei essa barreira e acabei adquirindo o "Universo...". Confesso que comecei a escutá-lo com um certo preconceito. Não sou a pessoa mais indicada a falar de música quanto mais de um disco de samba, mas após ouvir uma dezena de vezes, eu achei o disco muito bom.
Capa do disco "Universo Ao Meu Redor"
[imagem tirada do sáite da EMI, http://www.emi.com.br/base_para_noticias.asp?c=1276]
O que o autor acima mencionado reclamava, a inserção de "sonzinhos bonitinhos", não chegava a me incomodar e em algumas faixas era uma das coisas que eu gostava bastante. Lembrei-me da vez em que ouvi "Saudade" do Mestre Ambrósio: era a primeira vez que ouvia uma rabeca em um samba (antes de alguém me apedrejar, por favor, eu disse acima que não era a pessoa mais indicada para falar sobre discos de sambas) e eu achei simplesmente maravilhoso.
O disco em geral é muito bom - muito bom mesmo. Engraçado que a primeira música que me fez despertar o interesse pela Marisa Monte não foi "Bem que se quis" nem "Beija eu", mas foi um samba, "Aquela melodia" que é a última faixa do - considerado por mim - melhor disco da moça, o "Verde Anil Amarelo Cor de rosa e Carvão" (1994). Lembro-me bem: estava assistindo ao programa do Jô Soares (hoje, eu não consigo mais) e a entrevista foi com ela. Na famosa palhinha, ela cantou justamente essa música. As minhas palavras, ao ouvir, foram: "Que música linda!". E assim, tornei-me um admiridador de suas músicas.
O "Universo..." traz-me essa sensação boa de ouvir um bom samba (bom considerado por mim). Uma faixa que eu destacaria é "Vai Saber" com letra da Adriana Calcanhotto, que é uma compositora que eu, infelizmente, conheci a pouco tempo e passei a admirar também graças a minha noiva.
Pois bem, é isso.
Inté.
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