domingo, agosto 19

Um não sei quê

um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê


A melhor definição para o amor, na verdade, é uma não-definição (que iria ser tratada de uma forma contraditória no soneto "Amor é um fogo que arde sem se ver").

E tratando desse assunto, um que trata de uma forma magistral é o (grande) R. Barthes em seu (grande) livro Fragmentos de um discurso amoroso. Achei-o - depois de muito procurar -, enquanto estava procurando um livro de direito (creio que era um livro sobre direitos fundamentais). Não hesitei, não pestanejei... como um impulso, eu simplesmente, peguei na prateleira e levei-o para o balcão sem fazer a pergunta (crucial) "quanto custa"?

De um lado, é não dizer nada, de outro, é dizer demais: impossível ajustar. Minhas ânsias de expressão oscilam entre o denso haikai, resumindo uma enorme situação, e um grande carregamento de banalidades. Sou ao mesmo tempo grande demais e fraco demais para a escrita: estou ao lado dela, que é sempre rigorosa, violenta, indiferente ao eu infantil que a solicita. O amor tem decreto um pacto com minha linguagem (que o mantém), mas não pode alojar-se em minha escrita.


Vejo, muitas vezes, minha vida espelhada nas páginas desse livro (ou eu a projeto nele? Eu faço questão de olhar assim? É esse o meu único olhar?). Por isso, não importava o "quanto custa" inicial.

Um comentário:

Alê Quites disse...

Salve o não-definição!